Sou Heliana Moura, de Belo Horizonte/MG e vivo com HIV há 25 anos.
Atualmente vivo com meu filho e minha mãe. Estou Assistente Social no CTA UAI e Pesquisadora da FIOCRUZ.
Estou no MNCP há aproximadamente 16 anos, iniciei no movimento pela necessidade de estar com outras mulheres na mesma situação que eu, buscava me fortalecer para poder ajudar outras mulheres e essa convivência foi essencial para me inspirar na militância.
Estamos num dos momentos, a meu ver, mais difíceis, a pandemia da covid escancarou fragilidades e necessidades de muitas de nós, pois perderam empregos e alguns casos os parceiros e dessa forma vieram as necessidades básicas de alimento, material de limpeza, aluguel, agua, luz e outras que surgiram.
Aqui em BH o Grupo Vida do qual faço parte, iniciou uma campanha de arrecadação e de alimentos, material de limpeza e roupas para quando identificávamos alguma família ou pessoa que necessitava entregávamos as cestas básicas ou buscavam na casa onde era realizada as doações. Posteriormente nos unimos aos Voluntárias pelas Américas e foi uma união incrível, o que possibilitou ampliar as doações.
Temos um voluntário que faz máscaras e doa junto com as cestas e ainda trocamos cestas por máscaras com lideranças comunitárias, levando essas máscaras para as comunidades e buscando cestas para famílias de PVHA.
Alguns em busca de orientações sobre direitos como auxílio emergencial, BPC entre outros.
Cada vez que identifico, ou no trabalho, pelo VpA ou nas redes sociais, família ou mulheres que precisam de ajuda e conseguimos solucionar ou minimizar, o sentimento é de felicidade e realização.
Pode parecer pouco ou quase nada, diante de tantas pessoas necessitadas, mas somos como o beija flor que traz a água do lago no bico para apagar o incêndio, aqueles que ajudamos pelo menos naquele momento, tem o que comer, tem material de limpeza ou o que vestir.
Cada sorriso e palavra de agradecimento são estímulos para continuar.
Temos muito que fazer ainda, mas é preciso resistir.
Solidariedade é muito próximo da caridade e da empatia. Quando posso e ajudo alguém eu contribuo para uma sociedade melhor e também me sinto um ser humano melhor. A solidariedade não é somente com coisas materiais, mas com sorriso, palavras de estímulo e abraços, quando pudermos novamente.
O que mais gostaria neste momento difícil é uma rede de apoio e ajuda fortalecida, ampla, quanto mais voluntários melhor. A pandemia ainda não acabou, as pessoas não recebem mais auxílios emergenciais, ainda temos muito que ajudar.
Todos os dias, peço paciência e força para superar esse momento crítico e poder ajudar quem precisa sempre com muita esperança que dias melhores virão.
Espero que sejamos solidários em todos os momentos, não somente nos momentos de crise, que pratiquemos a empatia e sororidade. Precisamos deixar um mundo melhor para os nossos filhos, netos e bisnetos, sejamos o exemplo.
Heliana – Cidadã PositHIVa