Joana, 64 anos reclamava de fraqueza, perda de peso e outros sintomas. Embora tenha sido medicada em todos os serviços de saúde pelos quais passava ela não melhorava. Debilitada, acabou sendo internada com uma pneumonia severa. Fizeram ali o teste para o HIV e deu positivo.
Na ultima década, o índice de mulheres acima dos 60 anos se infectando com o HIV aumentou 103%, segundo o Ministério da Saúde. Vejamos o que está acontecendo.
A atual geração de homens e mulheres com 60 anos ou mais gozam de uma vida mais saudável em vários campos, seja na cultura, lazer, familiar, novos projetos etc. No campo da sexualidade a presença e acesso a estimulantes sexuais favorecem uma vida sexual mais ativa.
Por outro lado, as mulheres com 60 anos ou mais vivem o período pós-menopausa, no qual a mucosa vaginal está mais seca e fina, o que requer cuidados especiais para não se tornar porta de entrada do vírus HIV ou outras infecções sexualmente transmissíveis.
Neste contexto de vulnerabilidade as mulheres idosas se vêem em outro cenário não menos novo, que é negociar com o parceiro o uso da camisinha, uma vez que, a preocupação com gravidez já não é uma realidade. Os preservativos, tanto masculinos, quanto femininos serão aliados indispensáveis. Se essa prática antes não era comum entre os mais velhos, hoje é questão de sobrevivência para os que possuem vida sexual ativa.
Outro momento novo para as mulheres acima de 60 anos, que assim como Joana, teve resultado positivo para o HIV será a revelação do diagnostico para a família. Enfrentar o preconceito e o estigma presentes em torno do HIV ainda é tarefa difícil para as mulheres nessa fase. O jeito de fazer isso, ou não fazer, dependerá da estrutura psíquica, familiar, etc. de cada uma. Se precisar busque ajuda nos grupos. O MNCP – Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas saberá ajudá-la.
Epidemia de quase 40 anos requer novos debates e novas estratégias. Campanhas para as mulheres mais velhas, alertando sobre a AIDS e estratégias de abordagem nos serviços, contribuiriam muito para a redução da epidemia entre essa população. Vamos falar disso, e assim diminuir a infecção pelo HIV entre as mulheres acima de 60 anos.
Nair Brito, verão 2020
Pedagoga aposentada, fundadora do MNCP