O Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas do Estado de São Paulo vem a público denunciar e repudiar veementemente a postura desrespeitosa e as declarações irresponsáveis do secretário municipal de saúde de Guarulhos, Márcio Chaves Pires, que tenta desqualificar e minimizar denúncias graves sobre a precarização do atendimento às pessoas que vivem com HIV/Aids, Hepatites virais, Sífilis e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis no CTA do município.
O descaso é evidente: a falta de médicos infectologistas e a ausência de estrutura adequada no serviço colocam em risco a vida de centenas de pessoas. Negar ou distorcer essa realidade não é apenas um ato de desrespeito — é uma forma de violência institucional contra uma população historicamente marcada pelo estigma, pela discriminação e pela negligência do poder público.
Os dados falam por si. O Boletim Epidemiológico do Estado de São Paulo (tabela 17) mostra que a taxa de incidência de Aids em Guarulhos aumentou de 15,9 em 2015 para 17,3 em 2024. Isso significa que o município está falhando em suas responsabilidades, permitindo que mais pessoas adoeçam e morram por falta de atendimento digno e eficaz.
As declarações preconceituosas feitas pelo secretário em audiência pública na Câmara Municipal, no último 29 de setembro, revelam não apenas despreparo, mas também um profundo descompromisso com a vida e a dignidade das pessoas que vivem com HIV/Aids. Ao tentar desmoralizar denúncias legítimas, o secretário desrespeita não apenas as usuárias e usuários do serviço, mas também a luta histórica de movimentos sociais que garantiram avanços fundamentais no SUS.
Em pleno 2025, em um país que já foi exemplo mundial no enfrentamento ao HIV/Aids, é inaceitável que cidadãos e cidadãs precisem se expor publicamente para reivindicar aquilo que é básico: o direito à vida e à saúde.
Não aceitaremos retrocessos. Não aceitaremos a criminalização da denúncia. Não aceitaremos que gestores públicos tratem com arrogância e preconceito as reivindicações da sociedade civil organizada.
Reafirmamos: atitudes como as do secretário não nos intimidam, não nos silenciam e não enfraquecem a luta das mulheres que vivem com HIV/Aids, ao contrário, fortalecem nossa mobilização em defesa do SUS, da vida e da dignidade.
A saúde é um direito de todas e todos, e um dever inalienável do Estado.
As pessoas que vivem com HIV/Aids em Guarulhos exigem respeito e políticas públicas à altura de suas necessidades!
Lideranças do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas – São Paulo
Juntas, Livres e Vivas!
Outubro de 2025