Janeiro chega nos trazendo novas perspectivas depois de quatro anos de políticas públicas arrasadas, posturas autoritárias e contrárias à democracia, fomento ao ódio e à violência.
A sensação é de estarmos despertando de um pesadelo no qual o movimento AIDS demonstrou força e resistência.
São muitas as lacunas deixadas na saúde, educação, previdência, cultura, entre outras que
necessitam ser reestruturadas, assim como a política de AIDS que precisa ser fortalecida e ter seu orçamento recomposto.
Já podemos sentir os sinais de mudança com o retorno do Departamento de IST/AIDS e Hepatites Virais. Isso nos deixa esperançosas e otimistas.
Diante do contexto perguntamos às cidadãs positHIVas quais são suas expectativas para 2023. Acompanhem conosco!
Aila Campos Souza Moura – São Paulo/SP
Apesar do visível crescimento e aumento do número de mulheres nas políticas públicas de forma geral, mesmo em maior número ainda somos marginalizadas e ficamos sem poder de escolha e oprimidas pelo sistema que ainda (infelizmente) é patriarcal.
Com a volta de um governo federal da esquerda, apesar do governo estadual duvidoso que os paulistas elegeram (que faz a gestão de onde eu faço meus acompanhamentos e tratamentos), espero que o acesso a saúde fique menos burocrático e em alguns campos, como nos métodos contraceptivos, fique de fato na mão das mulheres, que nós sejamos responsáveis pelas escolhas em nossos corpos e que o acesso ao cuidado da nossa saúde seja menos penoso.
A volta de um departamento para as pautas de HIV/AIDS também renova a esperança de voltarmos a ser referência em estudos e tratamentos no mundo e não vermos novamente nossos pares desesperados com desabastecimento das farmácias dos serviços de atendimento na incerteza do amanhã pela falta da medicação que nos garante a vhida.
Maria Elisa Silva – São Paulo/SP
Estou bem otimista esperando que a volta do diálogo entre governo e sociedade civil seja novamente uma realidade para reconstrução de políticas públicas em parceria e que atendam as necessidades das pessoas que vivem com HIV/AIDS.
Espero ainda que as pessoas que vivem com HIV/AIDS possam ser fortalecidas para fazer um ativismo forte nos espaços de controle social, pois nada deve ou pode ser feito sem a nossa participação.
Temos autonomia e voz própria para falar por nós. Ainda espero que tenhamos de volta os recursos necessários para o combate a AIDS, para nossos medicamentos menos tóxicos, observando as diferenças dos corpos femininos na elaboração dessas drogas e que a atenção a saúde mental das mulheres, afetadas pelo Covid-19, pelas violências, pelo desemprego, e pela fome esteja na pauta deste governo.
Que tenhamos políticas públicas que preservem os direitos humanos das vítimas de violência e não apenas dos agressores e, principalmente nós mulheres vivendo com HIV/AIDS (MVHA) estejamos presentes em nos espaços onde são discutidas, e criadas as políticas públicas em defesa dos direitos e da melhor qualidade de vida das MVHA.
Edilamar Albano – Lages/SC
Minha expectativa para 2023 são que nossos governantes eleitos cumpram com seus compromissos de campanha e que tenham um olhar diferenciado com as mulheres que vivem com HIV/AIDS, com suas especificidades e que fortaleçam as políticas públicas de saúde mental.
Precisamos que as campanhas de prevenção retornem, principalmente sobre a sífilis e sífilis congênita.
Desejo que façam de forma efetiva valer as propostas em saúde, assistência social e que tenha a implementação de cursos para nós mulheres, para ampliarmos nossos conhecimentos e assim conquistar nossa autonomia financeira.
Marlize Marlene Kohls – Penha/SC
Minha expectativa é que tenhamos de volta uma uma política que fale mais sobre HIV para tentar acabar com este preconceito e estigma. Que nossos direitos sejam efetivos. Precisamos ter de volta a nossa aposentadoria. A desaposentação atingiu nosso psicológico nos deixando mais fragilizadas e propensas à depressão e ansiedade. Já basta a própria medicação que nos causa uma série de outros problemas.
Maria Auxiliadora de Almeida – Mossoró/RN
As minhas expectativas para 2023 é que as politicas públicas abranjam ainda mais ações para as mulheres e que os serviços de saúde realizem campanhas para realização de testes, atendimentos precoces no campo ou nas cidade com objetivo de diminuir a infecção pelo vírus HIV.
Lumah Marques da Silva – Santos /SP
Aqui na Baixada Santista são muitas as demandas das cidadãs posithivas. Espero que neste ano tenhamos atendidas as necessidades apontadas como consultório dentário, geriatra que olhe para nós mulheres que estamos enfrentando a menopausa e envelhecendo precocemente e tendo muitas alterações em nossos corpos, necessitando de vitaminas e outros cuidados. Também espero que seja um ano no qual nossa saúde mental receba mais atenção.
Diante das expectativas apresentadas pelas cidadãs, seguimos esperando que o Brasil volte a ser protagonista no controle do HIV/AIDS e outras IST.
O desafio está lançado!
Secretaria de Comunicação