“Eu Existo” é a tônica da Campanha que lançamos neste 1º de Dezembro, data em que lembra o Dia Mundial de Luta contra a Aids. O Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas (MNCP) se posiciona firmemente contra todos os abusos e violências nos campos políticos, sociais e de gênero que enfrentamos. Existimos e somos voz de milhares de mulheres brancas, pretas, do campo, das águas e das florestas que ainda vivem sob opressão, vivem o medo da discriminação, do estigma e das violências em todas as suas formas, a falta de acesso a serviços públicos de saúde, educação, moradia, trabalho e renda.

A epidemia do HIV entre as mulheres reflete as injustiças, desigualdades e violências, na qual são submetidas e, as lacunas de direitos que lhes são  reprimidos e/ou retirados cotidianamente. Segundo dados do Boletim Epidemiológico de 2022, entre os anos de 2007 até junho de 2022 (últimos 15 anos), foram notificados 434.803 casos de infecção pelo HIV no Brasil. Desses 129.473 (29,8%) em mulheres.

Importante ressaltar que nos últimos anos, devido a pandemia da COVID 19, houve uma subnotificação de casos. A ocorrência de novas infecções em mulheres de 15 a 34 anos representa 45,6% dos casos. Ainda, destacamos, com especial atenção, o aumento no percentual de casos entre mulheres com 50 anos ou mais de idade, que passou de 12,2% em 2011 para 17,9% em 2021. 

As desigualdades de gênero, somadas ao machismo e o racismo tornam as mulheres  mais vulneráveis  e isso, 40 anos após a epidemia do HIV é inaceitável. 

Nos últimos quatro anos nosso ativismo foi de muita luta para que os poucos direitos, já conquistados, não se perdessem entre os desmontes orquestrados pelo atual Presidente da República e a sua ministra Damares Alves, que ocupou o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos promovendo uma gestão pautada  em valores conservadores e excludente.   

As medidas do então governo minimizaram a importância do enfrentamento do HIV/AIDS, retrocederam em políticas públicas importantes, tentou calar o movimento aids com o desmonte de espaços de diálogos, invisibilizar o termo “AIDS” e “Violência Obstétrica” de normas e politicas, contribuiu  o aumento de estigma, discriminação e preconceito para com as pessoas que vivem com HIV/AIDS quando diz que somos despesas e ao relacionar as vacinas para COVID 19 ao risco de infecção pela AIDS. 

 

Foram muitos os desafios, porém, uma nova esperança surge a partir de 2023. 

Com a mudança do chefe do Executivo Nacional, esperamos que o Brasil volte a ser protagonista internacional no enfrentamento do HIV/AIDS, na luta contra a fome, na justiça social e defesa da democracia e da constituição.

Que haja uma recomposição do orçamento para o SUS; investimento  no enfrentamento do HIV/AIDS, em pesquisas e na incorporação de novos medicamentos e tecnologias de prevenção e informação.

Apesar da histórica hierarquia de gênero, ainda presente em nossa sociedade, nós EXISTIMOS e EXIGIMOS que haja prioridade nas políticas públicas para mulheres e que nossos direitos e segurança sejam efetivamente garantidos em todas as regiões do país; que o machismo social e institucional, todas as formas de violências e o feminicídio sejam duramente punidos.

Que 1º de Dezembro seja o ano inteiro!

Fabiana Oliveira

Secretaria de Comunicação