Entre os dias 7 a 11 de novembro de 2022 na cidade de Buenos Aires, aconteceram o
Foro Feminista com o tema “Feminismos, os cuidados e a vida no Centro” , com objetivo de reunir organizações da Sociedade Civil, Organizações Feministas e Movimentos de Mulheres de diversos segmentos de luta, realizado no Espaço Memória e Direitos humanos (ESMA). Este fórum é um espaço de dialogo que objetiva debater e fortalecer as demandas a serem levadas para a XV Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, com tema principal “A sociedade do cuidado: horizonte para uma recuperação sustentável com igualdade de gênero”, que se realizou de 8 a 11 de novembro no Salão Libertador do Hotel Sheraton e foi organizada pela Comissão Econômica para America Latina e Caribe (CEPAL) e a Organização das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU MULHERES Regional).

Foram dias de diálogos, rodas de conversas, eventos paralelos onde as agendas comuns de demandas específicas de mulheres LGBTQI+, índígenas, negras, não negras, em situação de pobreza, de violências, trabalhadoras domésticas, rurais, defensoras do meio ambiente, mulheres com HIV, privadas de liberdade, migrantes e refugiadas, dentre tantas outras, foram agrupadas para a Construção do documento/Compromisso final, detalhando todos os acordos coletivos na referida Conferência, como a implementação dos “3 R”: Reconhecer, Redistribuir e Reduzir o trabalho não remunerado.

O tema veio à tona na pandemia da COVID- 19. A médica, presidente da Fundação para Estudo e Investigação da Mulher (FEIM) Mabel Bianco reflete “como os cuidados sempre existiram, mas permaneceram invisíveis, alguns como os afazeres domésticos (cozinhar, lavar louça e roupa, limpar a casa e outros), não foram mencionados, mas quando se falou “dona de casa” aquelas tarefas que se entendiam que as mulheres desempenhavam. Se havia crianças, esse cuidado era acrescido, assim como o dos doentes, deficientes e idosos. Sempre entendendo que essas eram as tarefas que as mulheres de uma família desempenhavam, e que fazia parte da distribuição de responsabilidades, quando quem saía para sustentá-las financeiramente eram os homens”. 

Complementa dizendo que quando as mulheres sairam a trabalhar fora para se
desenvolverem e sustentarem suas familias, fato é que gerou dupla e tripla jornada de
trabalho, ou seja, passou-se a falar em trabalho não remunerado, porque trabalho é, mas quando se coloca valor economico se vê a magnitude e a frase continua “Ela não
trabalha, ela é dona de casa”.

Vale salientar que na pandemia fecharam-se escolas e creches e este fato, mais uma vez, gerou impossibilidades de trabalhar quando as oportunidades surgiam, as mulheres foram sem dúvida as mais afetadas.
No que se refere ao HIV/AIDS, as lideranças Yari Campos, Marcela Alsina, Georgina Gutiérrez e Silvia Aloia, representantes regionais do Movimento de Mulheres Positivas nos dois eventos, foram influenciando ao longo da semana para tornar visível não só nossa agenda e necessidades, mas também a inclusão do nosso parágrafo na declaração da Conferência Regional: Garantir que as mulheres com HIV em todas as
fases de suas vidas, tenham acesso integral necessário para o seu bem-estar. Que se promova o cuidado para prevenir o HIV”, trabalho de advocay que contou com o apoio especial das aliadas Mabel Bianco e Marita Perceval.  A incidência do MM+ pela inclusão do parágrafo na declaração é um passo firme para nossa população, pois ser nomeado é um direito e ser nomeado também é uma forma de cuidado.

Como parte das ações de advocacy realizadas durante a semana, o MM+ terá encontros com Karina Menéndez, Prefeita de Merlo, Província de Buenos Aires, que demonstrou um firme compromisso ao ser signatário do Acordo de Paris e convocou as delegadas para uma reunião com o objetivo de trabalhar em conjunto para fortalecer esse compromisso. Pelos direitos de todas as mulheres com HIV em nossa região!

No último dia se aprovou o “Compromisso de Buenos Aires” sobre o compromisso de um novo modelo de desenvolvimento para as mulheres da América Latina e Caribe: A Sociedade do Cuidado, (documento no link: https://conferenciamujer.cepal.org/15/es/documentos/compromiso-buenos-aires

A XV Conferência Regional sobre a Mulher reuniu delegadas de 30 países da América
Latina e do Caribe e de outras regiões, representantes de 17 agências da ONU e 14
organizações intergovernamentais, parlamentares 15 países da região, dentre estas, a Deputada Federal do Brasil Maria do Rosário e mais de 750 membros da sociedade civil, principalmente de movimentos de mulheres e feministas, totalizando 1.168 participantes.

Silvia Aloia

Secretaria de Mobilização de Recursos MNCP