O mês de Outubro já é conhecido mundialmente como um mês marcado por ações afirmativas relacionadas à prevenção e diagnóstico precoce do câncer entre mulheres. 

A Campanha Outubro Rosa, é realizada anualmente desde os anos 90 com objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama e, mais recentemente, câncer do colo do útero, promovendo a conscientização sobre as doenças, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e contribuindo para a redução da mortalidade. 

Segundo o Instituto Nacional de Câncer, no Brasil, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Para o ano de 2021 foram estimados 66.280 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres (INCA, 2019a). Quanto ao câncer de colo de útero, os dados estimados foram de 20.470 novos casos, representando uma taxa de 9,2%. 

Há algum tempo o MNCP tem observado com preocupação o aumento dos relatos de casos e suspeitas de câncer entre as mulheres que vivem com HIV/AIDS. Em algum momento de nossas vidas recebemos um diagnóstico para o HIV, uma doença, até o momento sem cura e, sabemos perfeitamente que o impacto é forte, doloroso e cruel por todo estigma, preconceito e medo que vem no “pacote”. Ouvir e ler relatos de mulheres que além do HIV enfrentam o câncer nos faz pensar no sofrimento em “recomeçar” uma nova luta pela vida, num tratamento que não só traz efeitos colaterais físicos, mas também psicológicos. A queda de cabelos, a retirada da mama ou útero são situações que abalam a autoestima da mulher, pois impactam em partes do corpo muito relacionadas à feminilidade. 

Com objetivo de contribuir para prevenção e apoiar a quem está nessa caminhada, a cidadã positHIVa Ane Aveline compartilha conosco um pouquinho de sua história de luta. Acompanhem.

Ane Aveline, 50 anos 

Ao sentir um nódulo na mama, a pergunta que me fiz foi “Como assim um nódulo? Sempre faço meus exames, vou ao ginecologista de seis em seis meses. Será que são efeitos dos antirretrovirais que uso?” 

Eram tantas as perguntas que eu me fazia… O dia amanheceu e eu não tinha respostas.

Mesmo sendo conhecedora dos protocolos de atendimento e das informações sobre câncer de mama, me sentia insegura por ser uma mulher vivendo com HIV e o temor do cruzamento das medicações passaram a roubar meu sono. Marcar a consulta com o ginecologista foi fácil, só esperei quase três meses. 

Em janeiro de 2017 recebi das mãos do ginecologista o encaminhamento para a avaliação do mastologista na Casa da Mulher em meu município. Aí sim meu sofrimento começou. Dores eu não sentia, até aquele momento, mas a angustiante espera da consulta com o mastologista literalmente fez doer em meu peito.

O acesso estava muito difícil, pois os profissionais da saúde estavam sendo substituídos por funcionários da gestão eleita em outubro de 2016. Em um dia eu era orientada por um profissional e dois dias depois tinha de explicar tudo novamente. Tenho de confessar uma coisa: Tive medo.

Fui orientada que faria a cirurgia de um quadrante mas me assustei ao levar a minha mão em meu seio e não encontrá-lo. Me fizeram uma mastectomia total, ou seja, retiraram todo meu seio. A sensação é muito desagradável, não tive um preparo psicológico para a possibilidade da mastectomia e a experiência não foi boa não. Para piorar minha situação, no momento da cirurgia tive Trombose Venosa Profunda no braço ao lado da cirurgia. E, segundo a enfermeira de plantão, poderia ter sido evitada se tivessem me aplicado um anticoagulante. 

Minha vida mudou muito depois da operação. Perdi meu emprego, ainda em tratamento do câncer, fiquei muito chateada, tive depressão, precisei fazer acompanhamento psicológico e psiquiátrico e tomo muitas medicações diariamente que deixam minha imunidade muito baixa e meu estômago super inchado. Tenho muitas dificuldades para pagar meus boletos e atender as necessidades básicas de minhas filhas ainda menores de idade. Não tenho qualidade de vida, mudei meus maus hábitos, faço caminhada sempre que tenho companhia, não consigo andar mais sozinha porque desenvolvi transtorno pós traumático e síndrome do pânico. Tento ter uma alimentação mais saudável com a orientação da nutricionista do hospital. Não consigo me olhar muito tempo no espelho, e minha cicatriz mamária nunca olho!

Estou reagindo. O serviço voluntário e o movimento MNCP me deixam mais forte para seguir em frente. Aprendo muito com a militância das Cidadãs Posithivas. 

Também sou atendida por uma ONG bem legal que consegui através do MOVIMENTO NACIONAL DAS CIDADÃS POSITHIVAS, a ONG BEM MAIS SAÚDE que me apoio imprescindível.

 Ainda não fiz a reconstrução mamária e não sei se vou fazer…

O auto-exame é o começo da prevenção, mas é importante fazer a mamografia uma vez por ano, ir ao ginecologista de 6 em 6 meses e estar com seus exames sempre atualizados.

Passo-a-passo para fazer o autoexame da mama

Para fazer corretamente o autoexame da mama é importante fazer a avaliação em 3 momentos diferentes: frente ao espelho, em pé e deitado, seguindo os seguintes passos:

1. Em frente ao espelho

Para se fazer a observação em frente ao espelho deve-se retirar toda a roupa e observar seguindo o seguinte esquema:

  1. Primeiro, observar com os braços caídos;
  2. Depois, levantar os braços e observar as mamas;
  3. Por fim, é aconselhado colocar as mãos apoiadas na bacia, fazendo pressão para observar se existe alguma alteração na superfície da 

Durante a observação é importante avaliar o tamanho, forma e cor das mamas, assim como inchaços, abaixamentos, saliências ou rugosidades. Caso existam alterações que não estavam presentes no exame anterior ou existam diferenças entre as mamas é recomendado consultar o ginecologista ou um mastologista.

2. Em pé

A palpação de pé deve ser feita durante o banho com o corpo molhado e as mãos ensaboadas. Para isso deve-se:

  1. Levantar o braço esquerdo, colocando a mão atrás da cabeça como mostra a imagem 4;
  2. Palpar cuidadosamente a mama esquerda com a mão direita usando os movimentos da imagem 5;
  3. Repetir estes passos para a mama do lado direito.

A palpação deve ser feita com os dedos da mão juntos e esticados em movimentos

circulares em toda a mama e de cima para baixo. Depois da palpação da mama, deve-se também pressionar os mamilos suavemente para observar se existe a saída de qualquer líquido.

3. Deitada

Para se fazer a palpação deitada deve-se:

  1. Deitar e colocar o braço esquerdo na nuca, como mostra a imagem 4;
  2. Colocar uma almofada ou toalha debaixo do ombro esquerdo para ser mais confortável;
  3. Palpar a mama esquerda com a mão direita, como mostra a imagem 5.

Estes passos devem ser repetidos na mama direita para terminar a avaliação das duas mamas. Caso seja possível sentir alterações que não estavam presentes no exame anterior é recomendado consultar o ginecologista para fazer exames diagnóstico e identificar o problema.

Quais os sinais de alerta

O autoexame da mama é uma excelente forma de se conhecer a anatomia dos próprios seios, ajudando a identificar rapidamente alterações que possam indicar o desenvolvimento de câncer. No entanto, também pode ser um método que causa muita ansiedade, especialmente quando se encontra alguma alteração.

Assim, é importante saber que a presença de pequenos nódulos na mama é relativamente comum, especialmente nas mulheres, e não indica que um câncer está se desenvolvendo. No entanto, se esse nódulo for aumentando ao longo do tempo ou se causar outros sintomas, pode indicar malignidade e, por isso, deve ser investigado por um médico. Os sintomas que se devem estar atento são:

  • Alterações na pele da mama;
  • Aumento de uma das mamas;
  • Vermelhidão ou alterações da cor da mama.

O autoexame da mama não é considerado um dos exames preventivos do câncer, mas pode ser feito uma vez por mês, todos os meses, entre o 3º e o 5º dia depois da menstruação, que é quando as mamas estão mais flácidas e indolores, ou em uma data fixa nas mulheres que já não têm menstruação. Embora o exame não permita fazer o diagnóstico do câncer, ajuda a conhecer melhor o corpo, permitindo que se esteja atento a possíveis alterações que possam surgir na mama.

Fontes:

  • MS / INCA / Estimativa de Câncer no Brasil, 2020
  • MS / INCA / Coordenação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilância e Análise de Situação
  • https://www.tuasaude.com/como-fazer-o-autoexame-da-mama/