Encerrando a série “Precisamos falar sobre HIV e Comorbidades”  o tema hoje nos faz lembrar da importância dos cuidados com o coração. 

Dentre os problemas crônicos que aparecem precocemente em portadores do vírus HIV, as doenças cardiovasculares destacam-se e a incidência chega a ser 50% maior. Sendo assim, são recomendadas estratégias preventivas mais intensas e precoces. Por essa razão é preciso conhecer os fatores de risco e prevenção. O MNCP buscou essas informações junto a infectologista Dra Keilla Freitas, acompanhe.

O que são doenças cardiovasculares (DCVs) ?

São doenças que afetam o coração e os vasos sanguíneos em todo o corpo.

HIV aumenta risco de doenças cardiovasculares

Quais são as doenças cardiovasculares?

  • Angina – dores no peito

  • Infarto agudo do miocárdio (coração)

  • Cardiopatia hipertensiva

  • Arritmia cardíaca

  • Insuficiência Cardíaca (coração fraco)

  • Cardite (Inflamação do coração)

  • Aneurisma

  • Acidentes vasculares encefálicos ou cerebrais (os chamados “derrames”)

  • Trombose venosa

  • Doença Arterial periférica

  • Insuficiência renal

Outros fatores que aumentam o risco de doenças cardiovasculares:

  • Idade: quanto mais velho, maior o risco

  • Aumento dos níveis de açúcar no sangue (mesmo que não tenha diabetes ainda instalada)

  • Diabetes Mellitus

  • História familiar de doenças cardiovasculares

  • Hipertensão Arterial

  • Alterações do colesterol (gordura no sangue)

  • Obesidade (especialmente a abdominal – concentrada na barriga)

  • Tabagismo (pessoas que fumam)

  • Stress

  • Sedentarismo (pessoas que não praticam atividade física regular)

Tudo o que aumenta direta ou indiretamente a inflamação dentro dos vasos sanguíneos, aumenta o risco de DCVs.

O conjunto de fatores que aumentam o risco cardiovascular é conhecido como síndrome metabólica. 

Tipos de colesterol

O que é colesterol bom e colesterol ruim?

  • Colesterol ruim (LDL, VLDL)

São aqueles que aumentam a inflamação dos vasos além de formar placas dentro das artérias.

Uma vez formadas, podem acontecer 2 coisas com estas placas:

– Podem aumentar até obstruir as artérias completamente

– Fragmentar-se soltando pedaços que correm pela corrente sanguínea até chegar num local onde o calibre é menor e então obstrui a artéria.

Quando a artéria é obstruída o sangue não consegue passar e toda aquela área depois da área de obstrução que deveria ser irrigada pelo sangue pode morrer.

  • Colesterol bom (HDL)

São aqueles que ajudam na limpeza das artérias, evitando o acúmulo de placas.

O ideal é que uma pessoa tenha colesterol ruim baixo  e colesterol bom mais alto (pouca “gente” produzindo lixo e muito “lixeiro”) 

O que aumenta o risco de DCV na população em geral?

  • História familiar (pai, mãe, avós, avôs, etc) de doenças cardiovasculares

  • Tabagismo

  • Níveis baixos de Colesterol bom (HDL)

  • Aumento dos níveis de colesterol Ruim

  • Obesidade

  • Sedentarismo (pouca atividade física)

  • Acúmulo de gordura abdominal (aumento da barriga)

  • Fígado gorduroso

  • Hipertensão arterial – HAS

  • Diabetes Mellitus – DM

  • HIV aumenta risco de doenças cardiovasculares

O que aumenta o risco de DCV em portadores de HIV?

  • A ativação imune causada pelo vírus HIV aumenta a inflamação nas artérias

  • Alguns antirretrovirais causam alterações lipídicas.

  • Aumento de trombose (maior acúmulo de placas de gordura dentro dos vasos sanguíneos)

  • O vírus HIV aumenta os níveis de colesterol ruim como a VLDL

  • O vírus HIV diminui os níveis de colesterol bom (HDL)

  • Alguns ARV aumentam os níveis de colesterol ruim como a VLDL

  • Alguns ARV diminuem os níveis de colesterol bom (HDL)

Isso ocorre mesmo em pacientes em uso de terapia antirretroviral – TARV. Mas é muito maior em quem tem vírus circulando no sangue. 

Como prevenir DCV no paciente vivendo com HIV?

  • Medir os níveis de colesterol e triglicérides ANTES do início dos antirretrovirais

  • Início precoce do TARV, mesmo com a imunidade normal

  • Medir os níveis de colesterol e triglicérides 3 e 6 meses APÓS o início dos antirretrovirais

  • Avaliar se os ARV usados causam alteração no metabolismo dos lipídios (ver quadro abaixo)

  • Avaliar outras comorbidades associadas e que aumentam ainda mais o risco

  • Parar de fumar

  • Praticar atividades físicas regulares 

  • Redução de outros fatores de risco para DCV não relacionadas ao HIV

  • Iniciar o tratamento do colesterol mais cedo que paciente não HIV

  • Escolher medicações como estatinas com maior eficácia e menor interação com os antirretrovirais.

  • Buscar valores de glicemia menores que as buscadas para pacientes não HIV, inclusive iniciando remédios mais cedo

  • Buscar níveis de Pressão Arterial menores que as buscadas para pacientes não HIV, inclusive iniciando remédios mais cedo

  • Prática regular de atividade física

Dra Keilla Freitas – Infectologista

  • Especializada em Controle de Infecção Hospitalar pela USP (Universidade de São Paulo) sub.

  • Residência médica em Infectologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais);

  • Pós-Graduação em Medicina Intensiva pela Universidade Gama Filho;

  • Graduação em Medicina pela ELAM, com diploma revalidado por prova de processo público pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso);

  • Experiência no controle e prevenção de infecção hospitalar com equipe multidisciplinar no ajustamento antimicrobiano, taxa de infecção do hospital e infectologia em geral, atendendo pacientes internados e com exposição ao risco de infecção hospitalar;

  • Vivência em serviço de controle de infecção hospitalar, interconsulta de pacientes cardiológicos e imunossuprimidos pós-transplante cardíaco no InCor (Instituto do Coração) ;

  • Gerenciamento do atendimento prestado aos pacientes internados em quartos e enfermarias, portadoras de doenças crônicas e agudas com necessidades de cuidados e controles específicos. 

Fonte: https://www.drakeillafreitas.com.br/hiv-aumenta-risco-de-doencas-cardiovasculares/#:~:text=Pacientes%20portadores%20de%20HIV%20tem,(DCV)%20em%2025%25