Acho bem difícil falar de mim mesma, mas acredito que essa dificuldade  não afeta só a mim, mas a muitas mulheres. Vamos lá. 

Sou Fabiana, moro no interior do estado de São Paulo, numa simpática cidade chamada Catanduva. Positiva para o HIV há vinte e seis (26) anos mas para a vida a cinquenta e dois (52), muito bem vividos.  Sou solteira, ativista, evangélica – ainda que revolucionária, acredito num Deus soberano, cheio de amor, misericórdia e graça para com toda humanidade, sem distinção. O MNCP está em mim, na minha essência mais profunda – a de ativista, desde os primeiros passos para sua formação, no ano 2000. Atualmente estou na representação do Estado de São Paulo e da região Sudeste. 

Posso dizer que sou uma mulher apaixonada pela ação missionária e voluntária. Por muito tempo me dediquei às crianças que viviam e conviviam com HIV/Aids. Hoje àquelas que amei, abracei, fui a tia que aconselhou, brincou e, até chorou junto,  estão adultos. Alguns casados, com filhos, enfim. Também desenvolvi um projeto com adolescentes, motivando-os ao trabalho voluntário e a viverem experiências únicas nessas ações que, confesso, foram incríveis.

Hoje minha maior tarefa é “costurar aconchego”, é  assim que chamo as naninhas feitas para distribuição nos hospitais, creches, comunidades, ONGs e nas ações missionárias que vou por esse Brasil afora. São como almofadinhas coloridas com orelhas, braços, pernas e olhinhos, confeccionados com tecidos e enchimentos antialérgicos, que fazem companhia às crianças durante a internação e a alegria de muitas nos locais por onde vou juntamente com outras amigas que contribuem nessa ação. 

O sorriso no rosto das crianças não deixam dúvidas do quanto ficam felizes ao abraçar uma naninha. É comovente ver os olhinhos brilhando  e  a emoção das mães quando estamos chegando. Sou aquela que está sempre pedindo para um ou outro contribuir, seja com roupas, calçados ou alimentos. Acho que todos podem fazer um pouquinho, principalmente nesse momento tão difícil que estamos vivendo com desemprego e pobreza elevada. Tudo isso me comove mas, também me motiva e encoraja a prosseguir lutando, acreditando nesse mundo que parece às avessas. Ajudar é sempre recompensador, muitas vezes saí para doar mas me dei conta que recebi muito mais em atitudes de carinho. Foram inúmeras as vezes que voltei leve, feliz, cheia de gratidão pela oportunidade de poder fazer um pouquinho por alguém. Acho que solidariedade é essa troca, empatia, amor retribuído sem julgamento, simplesmente querer estar próximo de alguém que passa por momentos difíceis e entregar o melhor amor que há em nós. 

Deixo para todas as mulheres uma frase de Madre Tereza de Calcutá “O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá”

Juntas somos mais fortes, sempre!

Fabiana – Cidadã PositHIVa