1º de janeiro de 2020, um novo ano surge entre os fogos trazendo a esperança, de que a vida tivesse um novo sentido. Mas esse novo ano trazia um vírus invisível, silencioso, escondido e devastador. Onde buscamos fé na crença, na ciência, nas leis, e nas pessoas. Onde perdemos empregos, sonhos empreendidos com tanto esforço, vidas ceifadas, jovens, mães, tios, pais, a cama vazia, a mesa incompleta, momentos que não voltam mais. Não esperávamos um ANO na qual todo o mundo fosse afetado e que todos sofreriam transformações que deixariam marcas para sempre na história de vida de cada um.  Aos poucos a TV transmitia as notícias onde o desespero assolava o mundo… Nossos lares foram tomados de informações, medos, isolamentos e receios. A rotina diária de cada um de nós foi transformando com hábitos que há muito não tínhamos, porque trabalhávamos estudávamos, passeávamos, lutávamos a cada dia por direitos e sobrevivência. Encontrávamos com os amigos, íamos a Shoppings, realizávamos eventos, fazíamos visitas, recebíamos visitas e tudo parou.

E em meio a esse desespero tinha ainda a fúria da natureza, enchentes, queimadas, furacão arrasando tudo. O campo de futebol ficou vazio, não ouvíamos mas o som das crianças a brincar nas ruas, levantar cedo para o trabalho não era, mas tão frequente muitos perderam suas colocações. As ruas agora eram silenciosas sem os carros, ônibus, caminhões, ouvíamos sim o som das sirenes das ambulâncias, na busca frenética para salvar vidas.

As manchetes se sucediam em curto espaço de tempo.  E não acreditávamos que as vidas ceifadas eram consideradas “balelas”: (Todo mundo vai morrer um dia!) por um governo federal insensível que criticava as ações de luta dos governantes estaduais e municipais para estruturar hospitais e atender a população em tempo hábil vítimas da Covid-19, um governo que criticou o empenho dos Ministros da Saúde que foram substituídos um após o outro em meio ao pique mais alto da Pandemia de Covid-19. Como já não bastasse toda essa dor, enfrentamos dor e fúria do Estigma e Preconceito que tirou vidas de populações LGBT, que tinham sonhos de viver dignamente na sociedade. Direitos das pessoas vivendo com HIV/AIDS sendo violados, hospitais super lotados. A violência doméstica silenciosamente era constante nos lares, onde por conta de isolamento social as agressões eram constantes. 

O desemprego fragilizou muitas famílias que por conta da pauperidade dependeram de um auxílio emergencial. 

Nossa vida tornou-se frágil e à medida que os meses foram avançando, com praticamente tudo parado, fechado, isolado, números de trabalhadores reduzidos em empresas, já não se buscava a pressa em arrumar um casa, fazer compras. Tudo foi transformado, o chinelo lembrado somente a noite era o nosso companheiro diário, voltamos a ler os livros da prateleira, assistir TV, buscar meios de adquirir a máscara, andar com álcool literalmente preso ao corpo, usar a mídia agora para matar saudade, participar de LIVES, tentando viver um dia de cada vez, sem tantas expectativas e sem tantos planos futuros, priorizando o que realmente é importante: A VIDA” …  Antes programávamos viagens, passeios, e chegamos ao ponto de sentir alegria em ir ao supermercado como meio de “sair” do isolamento embora o MEDO estava presente mesmo cumprindo as normas de segurança e prevenção.  Presenciamos empresários e patrões falidos e refletindo seu/sua funcionária/o era o seu/sua melhor amigo/a. Da mesma forma de que quem tinha emprego e pode manter reconheceu como o melhor porque lhe dava sustento. 

Tantos que se foram sem poderem ser velados, sendo enterrados isoladamente, mesmo tendo famílias.  

A Pandemia levou pessoas todas por igual, sem distinção de raça ou cor ou posição social. E em um dia começamos a retomar nossas vidas, mas faltava algo, mesmo as ruas sendo tomadas de pessoas, algo faltava… Buscamos um culpado para um inimigo que assolou a humanidade. E que ainda não foi vencido.    Nos reinventamos, buscamos em meio ao caos, SOBREVIVER, COMUNICAR e ACALENTAR nossos entes e amigos.

Praticamos o Ativismo e a Solidariedade usando as Lives, Projetos virtuais de Solidariedade como o Projeto “Voluntários pelas Américas”. 

Para 2021 não criarei expectativa pessoal, mas planejarei com cautela cada passo, pois o perigo não passou e ainda teremos de fazer os procedimentos de prevenção, ainda morrem assustadoramente. Mesmo com vacina, ainda levará muito tempo para que todos sejam imunizados.

Devemos colocar em prática a lição de solidariedade, empatia e superação vivida, cuidar de nós e dos outros. Manter a disciplina da prevenção para nos proteger e aos outros ao nosso redor. Continuar nosso ativismo nas LIVES e reunião virtuais. Ainda precisamos unir forças para continuar a vida. Esperar com cautela, mesmo atuando na mídia o momento que poderemos voltar presencialmente e com segurança e toda vez que cansarmos desse momento ou das recomendações que façamos uma pausa para relembrar a linha do tempo do que passamos em 2020 e o que fez em cada um nós colocando-nos como PROTAGONISTAS de uma história que ficará marcada para sempre da história da humanidade.

Georgina Machado

Cidadã Posithiva/SE