Mãe minha, mãe sua, mãe dela, mãe dele, mãe nossa

A maternidade pode se apresentar na vida de uma mulher de diversas maneiras. Para algumas ela acontece de surpresa, para outras tudo é minunciosamente planejado e há aquelas que escolhem, decidem por um filho já nascido. Seja gerado no ventre ou no coração, ser mãe é lindo, é intenso, é para sempre.

Para dar voz às diversas vozes da maternidade e para homenageá-las também, o MNCP estará apresentando durante o mês de Maio, mães que nos contaram um pouco sobre as suas maternidades, sobre as alegrias, as dores, as satisfações e os desafios que este papel traz.

Sabrina Vieira da Silva –  Fortaleza/CE

Mãe de um menino de 11 anos e uma menina de 5 anos  

Crio meus filhos sozinha e com a ajuda de Deus. Meu maior desafio, além da maternidade, foi o diagnóstico para HIV estando grávida de minha filha. Meu mundo desmoronou. A ficha não caia e o desespero bateu mas consegui superar. Naquele momento tão difícil, a ajuda das pessoas que trabalhavam no posto de saúde, dos meus familiares e minhas amigas, foi crucial. Meus filhos foram planejamos com muito amor. A maternidade para mim significa o poder das mulheres e um dom celestial que Deus nos dá para amar e cuidar da melhor forma possível e impossível, protegendo, amando e zelando, principalmente quando os criamos sozinhas.

 

Me considero uma boa mãe, claro que com defeitos, como todas as outras, mas que ama seus filhos incondicionalmente, e que faria de tudo para protegê-los de tudo e de todos. A orientação também é muito importante. Não abro mão da educação, tanto escolar como dentro de casa. Ensinar aos filhos valores como o respeito, confiança, e o amor ao próximo para mim é essencial. Aprendo todos os dias com meus filhos que não existe amor maior. Eles me ensinam a ter esperanças. Me mostram que, mesmo do meu jeito torto de ser, sou amada por eles.  

Minha relação com meus filhos às vezes é complicada, mas ao mesmo tempo é maravilhosa, pois somos três pessoas que pensam de maneira diferente mas, com amor os obstáculos vão sendo superados.

Passei maus bocados quando tive meu diagnóstico. Meu único objetivo, naquele momento, era que minha filha nascesse e fosse negativada para o HIV. Para isso a adesão ao tratamento, durante a gravidez, foi muito importante. Tinha uma certeza que o meu bebê, tão amado passaria por isso ilesa, e assim o fiz até o dia em que ela recebeu alta. Eu chorava, gritava. Meu coração, ali naquele momento, teve um alívio enorme, eu podia dizer naquele momento “EU ERA A MÃE MAIS FODA QUE EXISTIA” 

Isso que relatei me fez ver o quanto eu como mulher e mãe sou forte, obstinada e valente. “ O diagnóstico, muitas vezes, não é o fim e, sim um recomeço”.

Mirna Lysa Souza Campos – Manaus /AM

Mãe de um filho

 Sou mãe de um filho do coração, o qual me foi doado com seis meses de vida. O destino me fez mãe.

Ser mãe é amar e se doar sempre. Sou uma mãe muito protetora e amorosa. Não abro mão de maneira nenhuma do meu filho.

Ele me ensinou o significado de ser mãe e eu lhe ensino sempre a respeitar e ser educado com as pessoas.

A nossa relação é muito aberta, ele me ensina e eu lhe ensino. Acordar e ouvir me chamar mãe – o difícil de ser é saber que um dia ele irá sair de casa para viver a sua vida.

O meu maior desejo é que ele seja honesto e justo.

Eu abandonei tudo para viver esse grande amor que é ser mãe.

Deixo essa mensagem para todas as mulheres cis, travestis e transexuais:       

“Nunca desistam de seus filhos. Ser mãe não é só padecer no paraíso mas também ser amada e viver esse amor lindo e abençoado”

Heliana Moura – Belo Horizonte/MG

Mãe de dois filhos

Sou mãe de dois filhos – Izabelle antes do HIV e Matheus depois do HIV. Com eles tive a oportunidade de aperfeiçoamento moral,  pois educamos com exemplos e, se formos melhores nossos filhos também podem ser, e quem sabe ainda, melhores que nós.

Ser mãe é uma troca constante: de afeto, de idéias, de experiências e também de decepções.

 

Procuro ser uma mãe antenada e atualizada.  Procuro ter o diálogo e a verdade presentes na relação com meus filhos, tanto que eu quis contar-lhes sobre o HIV assim que entendi que deveria.  Para eles, até hoje, meu diagnóstico nunca foi problema e espero que nunca seja. Sou chata também, e um pouco teimosinha (risos). Quando eu estava efetiva na militância, priorizava o ativismo em vários momentos de minha vida, hoje tenho outras prioridades conjugada com a militância menos efetiva, com algumas mudanças necessárias tive minha vida em família mais constante, sendo uma filha, irmã, tia e consequentemente uma mãe mais presente. Tenho também um trabalho que me completa na qual me sinto realizada como pessoa. Sou Assistente Social na área da saúde. 

Tenho dois filhos maravilhosos que me ensinam muito. Me ensinam o que é o amor, respeito, paciência e cumplicidade. São bem diferentes um do outro, mas vejo que cada um tem um pouco de mim nas opiniões, nas expressões e até nas chatices …(risos). 

Sou grata a Deus pela oportunidade em ser mãe, embora ser mãe não é um mar de rosas, definitivamente não é! Eu diria até bem desafiador. Tive medo de fracassar nessa missão que em muitos momentos acreditei estar despreparada. Carrego muitas culpas e choro por escolhas que fizeram meus filhos sofrer, mas também tenho esperanças, acredito que podemos fazer diferente e melhor, sempre! 

Não tem nada melhor que participar das conquistas diárias dos filhos, das suas alegrias, receber abraços e ouvir: “Mãe, eu te amo! Você é a melhor mãe do mundo. Tenho orgulho de você. Você é uma guerreira”. Frases de uma carta, escrita por Matheus, quando lhe contei do meu diagnóstico.