O dia internacional da mulher é marcado por lutas históricas de mulheres por conquistas políticas e sociais através de manifestações pela igualdade de gênero. As discussões sobre melhores condições de trabalho, violência, segurança, direitos sexuais e reprodutivos, são ainda desafios atuais. Avançamos em alguns aspectos. “Hoje um homem que mata uma mulher e confessa em um tribunal, não pode alegar legitima defesa à honra e ser absolvido, mas quantas de nós sequer chegam ao tribunal nos dias atuais?”, diz Silvia.
Hoje temos a Lei Maria da Penha, temos a lei do feminicidio, a mudança na lei do estupro, a lei contra o racismo, contra a discriminação das pessoas com HIV/AIDS, a lei contra a homofobia, dentre tantas leis. Apesar da importância destas, precisamos implementá-las, porque as leis por si só não garantem nossos direitos e temos ainda muitos desafios.
No que se refere à violência, os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam em aumento em 2019 de 4% no número de feminicidios. A cada 2 minutos uma mulher está sendo espancada. Em 2018 foram contabilizados 180 estupros por dia, sendo 53% destes em meninas de até 13 anos. Estes dados alarmantes atingem em especial as mulheres negras e jovens.
Estamos sendo bombardeados por uma onda conservadora e fundamentalista, por reformas nas leis trabalhistas e previdenciárias, pelo corte de recursos para a Saúde e Educação, por tantas manifestações públicas de governantes, que pioram cada vez mais a vida e luta das mulheres no Brasil.
Dentre as declarações deste dês-governo temos: “Devemos capacitar as famílias para ensinarem seus filhos sobre Sexualidade”, ignorando totalmente que mais de 75% dos casos de abuso e violência sexual está no entorno familiar. A atual campanha de “Abstinência Sexual” para evitar gravidez indesejada e Ists/HIV/AIDS, dentre todas as reformas trabalhistas e previdenciárias, estão totalmente na contramão do que realmente precisamos.
Recentemente, para justificar a campanha de Abstinência Sexual, o atual Presidente disse que as pessoas vivendo com HIV/AIDS são “Despesas”. Um governo que suscita o ódio legitima ainda mais todos os tipos de violência, dentre elas, a violência sexual, coloca ainda mais a mulher, vulnerável para as Ists/HIV e AIDS e o Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas continua lutando arduamente contra todos os tipos de retrocessos para a população em maior número do Brasil, que são as Mulheres!
Silvia Aloia, formanda em Administração em Sistemas e Serviços de Saúde (UERGS), ativista do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP), mãe, avó, esposa, consultora de projetos. Tem 50 anos, destes, 29 anos com HIV/AIDS.