Nessa sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, a Agência Aids dá continuidade à série de depoimentos de mulheres que trabalham e convivem diariamente com a luta contra o HIV no Brasil. Nessa série, você vai conhecer as inspirações, expectativas para o futuro e desafios mulheres que trabalham na luta contra o HIV no Brasil. Confira, a seguir, alguns dos relatos:
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Silvia Aloia, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas
A história de Silvia com o Brasil começou em 1982, quando ela era uma menina de 12 anos e sua família fugia do regime militar uruguaio. Ela cursa Administração em Sistemas e Serviços de Saúde na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e lidera o Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, lutando pelos direitos das mulheres vivendo com HIV/aids.
Uma história que impactou sua trajetória profissional?
Apesar de ter meu diagnóstico há 28 anos, as minhas primeiras participações e atuações no movimento aids, se deu na RNP – Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids do Rio Grande do Sul em 2005, atuando em uma atividade a qual acessávamos pessoas vivendo com HIV/aids e os dispositivos de saúde (conselhos, secretários de saúde, coordenações, profissionais) nos cantos mais distantes do interior do Rio Grande do Sul. A única coisa que eu sabia fazer, era partilhar sentimentos e vivências com pares, o que pouco a pouco me fortalecia e aprendia. Escutava muitas histórias, cada uma mais emocionante que outras e todas com o peso do estigma bastante presente, afinal no interior parecia pior do que os nos grandes centros. Anos depois, revendo algumas pessoas que verbalizavam que a partir desses encontros que se renasceram, viveram melhor, foi o que mais me impactou e me alimentou em meu ativismo.
Qual a personalidade feminina que te inspirou?
Muitas mulheres me inspiraram, mas nessa época que comecei minha militância, uma foi especial, Sandra Perin, psicóloga ativista, da direção do GAPA/RS. Quando a conheci jamais pensei que seriamos grandes amigas. Ela foi minha mentora, a que me acolheu e ensinou, eu me espelhava nela, aprendi muito com ela. Parte do que sou no ativismo, devo a ela e é a ela que faço minhas homenagens hoje no dia Internacional das Mulheres.
O que você espera para o século XXI na luta contra aids?
Eu espero a cura, muitas curas, do estigma, do preconceito, do racismo, da violência contra as mulheres, a cura de todas as formas de discriminação!
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Heliana Moura, ativista vivendo com HIV
Foi secretária política do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas. Em 2005, participou do Encontro das Cidadãs em João Pessoa (PB) e no ano seguinte esteve também em Salvador (BA), onde recebeu a responsabilidade de representar as mulheres com HIV de Belo Horizonte no âmbito nacional.
Uma história que impactou sua trajetória profissional?
Nesses mais de 15 anos no ativismo e participando ativamente no MNCP localmente e nacionalmente tive muitos momentos marcantes. Mas um que me marcou recentemente e me emociona foi um vídeo que gravei com meu filho para os dias das mães a pedido da Agência Aids. Chamei meu filho Matheus e gravamos, um vídeo onde demonstramos muito amor e respeito. Uma amiga vendo o vídeo decidiu enviar para uma mulher com HIV que conheceu no sul que tem um filho que não aceitava o diagnóstico da mãe e a travava mal pois tinha vergonha de ser seu filho. Essa mãe mostrou o vídeo para o filho que ao terminar de ver estava chorando e pediu perdão para a mãe, minha história sensibilizou esse jovem. Não tem nada que pague esse retorno de algo que você faz com muito amor para mostrar pra sociedade que não somos diferentes de ninguém e podemos sim ter filhos e continuar nossa vida sexual da maneira que quisermos.
Qual a personalidade feminina que te inspirou?
A mulher que me inspirou e inspira é Jenice Pizao. Por ser uma mulher determinada, inteligente, comprometida e o que mais me encanta é seu bom humor e irreverência em certos momentos. Me inspira sim essa mulher assim como tantas que não desistem mesmo diante de tantos obstáculos.
O que você espera para o século XXI na luta contra aids?
Espero a cura! Todos os dias, a cura do preconceito, a cura do machismo, do racismo, da lgbtfobia e espero sempre a cura da aids. Mas antes disso também espero um Movimento unido e forte e ainda gestores e profissionais de fato comprometidos com a causa.
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Adriana Bertini, artista plástica
É uma artista brasileira que cria vestidos a partir de preservativos rejeitados pelo teste de qualidade. Inspirada pelas crianças soropositivas que conheceu enquanto se voluntariava para um grupo de prevenção da aids, Adriana passou os últimos dez anos a criar obras escultóricas que visam transmitir a sua mensagem de que “os preservativos devem ser básicos como um par de jeans e tão necessários como um grande amor “. Uma de suas coleções recentes, Dress Up Against Aids: Preservation Couture, é uma exposição que aconteceu até 11 de março no Museu Fowler da Universidade da Califórnia em Los Angeles.
Fonte: Agência de Notícias da Aids