Três meses se passaram desde que a reportagem “Denúncia: Hospital Municipal do Campo Limpo é acusado de transformar em pesadelo parto de jovem soropositiva” foi publicada em nosso site. Um mês depois da publicação, o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha garantiu a nossa reportagem “apuração rigorosa e imediata” diante da denúncia (leia aqui). Porém, até esta segunda-feira (14), a Agência Aids ainda não teve acesso as informações sobre andamento da sindicância, que na ocasião, segundo o secretário Padilha, a Autarquia Hospitalar abriu para investigar o caso.  

Na matéria, Carolina, jovem soropositiva de 18 anos, conta que sofreu violência física e verbal na sala de parto da instituição, onde deu à luz o filho Mateus, no dia 30 de julho. Além de ouvir comentários desagradáveis e humilhantes da obstetra e de sentir muita dor, segundo contou, ela e o filho foram vítimas de erros médicos.

No mês da publicação, a Agência de Notícias da Aids publicou uma série de repercussões sobre a denuncia (leia aqui). O caso, foi destaque em diversos veículos de comunicação e discutido no Fórum Estadual de Dirigentes de DST/Aids do Estado de São Paulo

Diante da falta de respostas da Secretaria Municipal da Saúde, a denuncia ainda repercute entre os movimentos sociais. Leia abaixo a carta de repudio que o Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas enviou para a Agência Aids, nesta segunda-feira (14), sobre o caso:

 

Carta de Repúdio

O Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas composto por mulheres vivendo com HIV/aids de todo o Brasil  cuja missão é: Promover ações  para fortalecimento integral  das Mulheres Vivendo com HIV/Aids  com foco no acesso a informação  e na garantia dos direitos humanos e a visão é: Ser referência nacional e internacional na defesa dos direitos humanos das Mulheres Vivendo com HIV/Aids.

Diante de nossa missão e visão, viemos através dessa carta mostrar nossa insatisfação e indignação com relação ao tratamento oferecido a jovem gestante que vive com HIV no momento do seu parto, no Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, no dia 30 de junho de 2015.

Considerando que, as mulheres e jovens vivendo com HIV , assim como todas as mulheres tem direito a uma saúde sexual e reprodutiva, em que devem vivenciar sua sexualidade e escolherem ser mãe ou não, caso queiram.

Considerando toda humilhação e discriminação sofrida por essa jovem pela obstetra de plantão no momento de seu parto, onde além de negligências são ditas palavras ofensivas e preconceituosas que vem em discordância com o que é preconizado no SUS (Sistema Único de Saúde): “Parto Humanizado” e deixa uma jovem mãe ainda mais fragilizada, pois esse momento é de grande desgaste físico e emocional e ainda vivido sob pressão se tornou momentos de terror na vida dessa jovem.

E ainda a sequência de erros ocorridos como orientação de amamentar e a dosagem do AZT para o recém-nascido em dose superior à recomendada, fatos inadmissíveis de serem relatados nos dias atuais.

Contudo, exigimos que o Hospital assim como a profissional envolvida bem como os demais profissionais recebam as devidas punições cabíveis para que de forma alguma aconteçam fatos dessa relevância em nenhum outro serviço de saúde no Brasil.

Heliana Conceição de Moura

Secretaria Política – MNCP

 

Fonte: Agência de Notícias da Aids

 

Dica de entrevista

Heliana Moura

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